terça-feira, 13 de novembro de 2012 2 comentários

Hiatus Temporário

Não que alguém se importe, mas devo satisfação a meus caros leitores e isso tem tempos. Temo que com o fim do ano escolar e o início dos estudos pra segunda etapa da UFMG, meu tempo se reduza mais ainda. Não farei promessas, mas quero voltar o mais breve possível.
Com carinho,
Raysa
domingo, 30 de setembro de 2012 3 comentários

Ao sul do Equador o pecado está escondido



Estava acompanhando a notícia da catarinense que vendeu a virgindade na internet. Em meio àqueles muitos comentários comuns, típicos da internet, me defronto com uma observação que me chamou a atenção. Na hora não sabia se ria ou se continuava com minha vida, ignorando completamente o comentário. Antes que me digam que existem assuntos que merecem ser ignorados, eu discordo. Alguns relatos merecem ser discutidos, contestados e explorados ao máximo. Principalmente aqueles que você discorda. Especialmente aqueles que você não consegue aceitar que existem pessoas que pensem assim.
Continuando, caros patrícios, o comentário era esse: "Esta é a imagem do BRASIL no exterior. O MRE do Brasil nesse país, deveria mandá-la para a prisão por denegrir a imagem do BRASIL"
Não sei se contei algum dia pra vocês, lindos leitores, mas não tem nada que me irrita mais do que o pensamento eurocentrista. ("estaducentrista" também entra na roda, tá?) Parece que gruda pior que chiclete e música ruim. Tenho uma teoria de que a gente nasce com isso. Por mais que você queira se livrar, ainda tem esse pensamento chato na cabeça. Acho que a história e a sociologia explicam melhor que eu. Acho nada, tenho certeza.
Mas o que me preocupa nisso tudo é que não importa o que nós vemos nas ruas todos os dias, na nossa rotina e constatamos nos jornais, mas sim o que os gringos pensam a respeito. Você vê todos os dias (e arrisco a dizer que muitos usam) o serviço das prostitutas, mas ninguém de fora pode achar isso. Existe pecado ao sul do equador, mas ele é escondido sobre a roupagem dos valores familiares. É a confirmação da nossa sociedade que vive de aparências. (Também citei algo parecido neste post)
Aí o sujeitinho do comentário acha que deviam prender a menina por "denegrir a imagem do Brasil". Mas ele não pensa que prostituição no Brasil só acontece porque tem procura, e não só de estrangeiros, e por isso deve ser olhada com uma atenção maior. Ele esquece que isso trás turismo para o país e que é uma atividade que merece ser regulamentada. Ele se esquece que homens e mulheres são donos do próprio corpo, e desde que não afetem negativamente a vida de ninguém, podem fazer com ele o que quiserem. O Danilo Gentili disse uma vez em um texto algo que nunca esqueci. O Brasil é aquela gorda que não aceita ouvir que é gorda. Entretanto, não faz dieta nem exercício físico pra emagrecer. Usa roupa de magrinha e chora toda vez que alguém diz a verdade pra ela, mesmo sabendo que não é mentira. É o famoso complexo de brasileiro, que sabe de todos os problemas mas não aceita que estrangeiros constatem isso. O brasileiro arruma a casa pro vizinho e coloca a sujeira pra debaixo do tapete. E quem mora ali? Convive com a bagunça diariamente e não liga. Na verdade, até se beneficia dela.
E é por isso que eu não consigo entender porque ao invés de maquiar as coisas para os gringos, não nos concentramos nos nossos próprios problemas internos e tentamos resolver para NÓS. Melhorar transporte público, saúde e educação para os brasileiros e não para a Copa do Mundo. E não falo só de prostituição. Falo de todos os problemas que estamos cansados de ver mas não mudam nunca. Brasileiro tem mania de se diminuir, mas não aceita ser diminuído pelos de fora. Entendem a contradição? Pior é quando chamam brasileiro de índio, falam que aqui só tem floresta e tudo mais. Particularmente eu não levo isso como xingamento.

domingo, 23 de setembro de 2012 5 comentários

MMA e o aplauso para a violência



Comecei a perceber que todo mundo estava amando MMA quando o Sonnen começou a provocar o Anderson Silva. A galera ficou putinha por causa disso. E como minha cabecinha não me dá descanso,  não parei de refletir sobre duas coisas. A primeira é relacionada ao marketing. Desde o início eu tinha certeza que se tratava de pura publicidade, que buscava atrair as pessoas usando daquele nacionalismo tosco brasileiro. Aquele mesmo que só aparece na copa ou quando um maldito gringo resolve falar mal do Brasil. Achei que era isso quando vi a entrevista da namorada do Sonnen. Tive certeza quando soube do final da luta. Mas na questão da publicidade nem vou entrar: muito assunto pra um post só.
A segunda coisa que não saia da minha cabeça era a seguinte: UFC é uma forma de legitimar a violência? É a sociedade aplaudindo a agressão? E pior, comprando isso?
Continuei pensando nisso, acompanhando os debates e vendo que a febre do MMA só crescia. E comecei a me perguntar porque tanta gente gostava. Passei a acreditar ainda mais no poder incrível dessa ingrata  publicidade.
A primeira coisa que precisa ser dita, e é incontestável, é que o MMA é o incentivo claro a violência e a vingança. Sim meus caros patrícios, vingança mesmo. Na maior parte das vezes, é o que chama o povo a ver a luta. Não deixa de acontecer dentro do ringue, mas cria uma ideia muito clara para os espectadores do esporte: "Não deixem as ofensas para lá." Sonnen falou mal do Brasil e da esposa do Anderson. Silva rebateu dizendo que ia quebrá-lo. Ele venceu a luta e no final, como se nada tivesse acontecido, chamou o adversário pra um churrasco. As pazes foram feitas, mas a mensagem central transmitida continuou. Anderson Silva não engoliu o desaforo e acabou com o Sonnen na luta. Venceu. E você, meu caro leitor, faça o mesmo com o próximo que te humilhar. Mas faça do jeito violento. Lute e depois convide-o para um churrasco na sua casa.
Discutindo isso com algumas pessoas, me disseram que o MMA tem toda uma segurança médica e que a ideia é vencer, e não matar o adversário. Então a ideia do MMA é vender uma violência legitimada sobre uma nova  desculpa. É a venda para um público jovem uma violência mais velada. Como vivemos no mundo do politicamente correto, ninguém pode machucar muito. Vamos manter lutadores vivos e preparados sempre, pra continuar vendendo violência romana sobre outra roupagem.
Outra falácia típica de quem defende o esporte é falar de novelas, filmes e de quinhentas mil coisas que divulgam e vendem a violência tanto quanto o MMA. Mas gato, o fato de uma novela divulgar a violência anula o MMA? Argumento inválido. Uma coisa não tem nada a ver com a outra. (Mas é evidente que devemos olhar com atenção pra tudo).
MMA é banalização da violência. O que me faz perguntar se a gente vive em um mundo que banaliza tudo. (Já escrevi sobre assunto semelhante - invasão de privacidade - aqui)
As pessoas reclamam da violência da rotina, mas pagam por ela. Acham o absurdo quando são vítimas da violência, mas adoram assisti-la e comprá-las no conforto das próprias casas. É uma grande hipocrisia.
Eu estava me segurando pra fazer esse post, afinal é um assunto muito recente. MMA é novo aqui no Brasil. Vamos analisar aquilo que estamos comprando. Com tanta coisa acontecendo, é difícil parar. Perdemos o parâmetro do que é certo ou do que é errado. Pode ser clichê, mas parece um dos grandes paradoxos dessa ingrata Globalização.

sexta-feira, 7 de setembro de 2012 2 comentários

Ode a gordice



Todo mundo critica os gordos. Mesmo de maneira implícita. A maior parte das pessoas tem vergonha de admitir ou peso ou de admitir que ama comer. Tem gente que muda os números do manequim. Ou então faz questão de dizer que está gordo, pra receber uma resposta contrária dos presentes. Isso tudo só me faz questionar uma coisa: desde quando ser gordo é ruim? Não falo de obesidade, isso é uma doença, faz mal pra saúde, mas ser gordo não muda a vida de ninguém. Pelo contrário, muitas vezes mostra que o indivíduo em questão tem liberdade de comer o que bem entende.
Outra situação muito comum (e chata) é tratar gordo com eufemismo. Gatos, se a pessoa é gorda, é GORDA e pronto. Não tem nada de errado em admitir isso. O gordo não é pior que o magro, e muito menos mais feio por causa do seu peso. Aí se você fala isso, é tachado de mal criado. Meus caros, entendam isso: não é falta de educação chamar alguém de gordo porque isso não é xingamento.
E é por isso que eu admito que eu adoro comer, não escondo meus 54 quilos de pura gostosura e não deixo de cozinhar quando tenho um tempinho e menos ainda de me esbaldar com pipoca com manteiga! E ainda brinco com isso... Gordo que é gordo não deixa comida cair no chão jamais... O resto é poser!
Vou falar uma coisa pra vocês e a maioria sabe disso. Gordinho é gostoso de abraçar. Muito mais que os super magrelos. A maior parte dos gordinhos são simpáticos. (É provado isso pra 99,9% dos casos). Gordinhos comem o que querem. Não ficam com aquela coisa chata de ir no restaurante e comerem só alface. Não criticam quem come bobagem.
E a melhor parte é que se livram daquela angústia chatinha, que faz mal pacas. A angústia de não se permitir comer o que tem vontade.
 e você chamar de gordice todas os pontos positivos citados acima, está tudo bem porque gordo só faz gordice mesmo! Tenho que concordar, e dar vivas por isso. Vivas a todos os gordinhos e gordinhas! A todos aqueles que vão contra a tsunami esmagadora de que o corpo perfeito é aquele magrinho. Viva eu! E por fim, um viva muito forte e sonoro a todos aqueles que não se reprimem quando o assunto é comida.

(Como eu sou gorda e gordo só faz gordice, a bela foto que ilustra o post é de torta de chocolate... huuuuuuuuum)


sábado, 1 de setembro de 2012 0 comentários

Claudia, a religiosa

Claudia vai pra Igreja todo fim de semana. Diz que isso é obrigação de todo cristão. Ela tenta enfiar a religião na cabeça das pessoas e chama isso de "evangelização". Quando alguém não aceita, diz que "religião não se discute." Claudia tem mania de conspiração. Diz que está sendo oprimida e perseguida por sua escolha religiosa. Mas manda pro inferno todos que se declaram ateus. Ela prega sobre o amor infinito de Jesus. Ao mesmo tempo fala de um Deus cruel que castiga. Fala da morte. Fala do Apocalipse. Fala que Harry Potter, rock, desenhos da disney e internet são do demônio. Diz que quem ouve, lê, ou assiste vai pro inferno. Ela não faz nada por ninguém. Quando vê um mendigo na rua, ignora ou diz que "está ali porque quer." Claudia doutrina todos os seus filhos pra religião. Faz lavagem cerebral desde pequenos e chama isso de "plantar a semente de Deus". Claudia fala sobre os leprosos que Jesus amou, mas critica os homossexuais e chama isso de "desvio genético ou psicológico". Fala mal dos familiares, faz fofocas e procura diminuir os outros porque tem medo de não se sobressair sozinha. E quando alguém a crítica, ela diz que só Deus tem poder de julgar. Essa é a Claudia.
quarta-feira, 29 de agosto de 2012 0 comentários

Me deixa falar palavrão, porra!



Sabe o que é mais legal sobre palavrão? Ele é totalmente versátil. Serve para aqueles momentos que você tá totalmente fudido, mas serve também para momentos de alegria, de surpresa, ou mesmo para se referir a alguém por quem você nutre grande consideração.
Palavrão é bom porque não oprime. É justamente aquilo que você precisa dizer no momento. Você fala quando a porra tá séria ou quando tá muito boa. Normalmente em extremos. Aí o palavrão flui e leva junto grande parte das coisas ruins, ou te deixa aproveitar mais o gostinho da alegria.
Uma vez eu tinha uns 10 anos e disse que achava meu pai foda. Aí me xingaram. Disseram que "foda" era um palavrão muito vulgar, que significava outra coisa. Na época achei aquilo estranho, fiquei meio chateada mas eu continuei usando. Importava o significado que davam? Era a única palavra que eu encontrava pra descrevê-lo. Não tinha outra. Foda era uma coisa realmente FODA!!!! Hoje eu percebo que a maldade tava na cabeça da ouvinte em questão, e não minha.
Foi então que saquei que na maior parte das vezes é isso. Muita gente usa o palavrão sem a "maldade" da palavra. Aí quem ouve se assusta. Tem gente que adora ver chifre em cabeça de cavalo! (E o chifre tá dentro da cabecinha dessa gente!)
E pior que aquele discurso moralmente falido, é aquela máxima: "Mulher não pode falar palavrão, fica feio". Fica feio pra mulher, mas não fica pra homem? Qual a diferença mesmo? Podia usar até o discurso moralmente falido, ou podia me falar que fica feio pra qualquer um, tem gente que acredita nisso desde criança. Mas usar de sexismo é o cúmulo, gente.
Falar palavrão faz bem pra gente. Quando você caiu no meio da rua lotada, você não disse "caralho" pensando em um pênis. Aposto que não. Palavrão virou modo de expressão. E passou a fazer parte da nossa cultura. Quando chamam juiz de "filho da puta" não querem agredir a pobre mãezinha do dito cujo. Ela não tem nada a ver com a roubalheira descarada do filho a favor do time adversário. Na verdade, todo mundo quer mesmo é que ele se ferre!
No final, a questão do palavrão acaba dizendo muito sobre aquela nossa mania chata de complicar o que é simples demais. Que tal tentar se "libertar" desses moralismos? Pode te fazer bem. (Como fez pra mim descrever meu pai com a palavra "foda", ou gritar "caralho" quando meu irmão passou no vestibular).
Acho que é por isso que futebol é tão bom pros torcedores. É no estádio que você grita tudo que tá com vontade e alcança a impressionante marca de 98 palavrões por minuto.
Pra encerrar mais um post de divagações deixo aqui uma frase que alguns chamariam de "clichê", da Dercy Gonçalves, um verdadeiro "símbolo" pra aqueles que não ligam de falar um bom palavrão quando querem e sentem necessidade.

"Porra?! As pessoas acham que 'porra' é palavrão. Mas não é! Eu, você, todo mundo veio da porra, porra! Palavrão é 'fome', palavrão é 'pedágio', palavrão é 'imposto'..."
sábado, 25 de agosto de 2012 2 comentários

Corrupção branca

Você fura a fila. Você não devolve o troco quando está errado. Você já subornou um policial. Você compra produtos contrabandeados. Você passa pelo acostamento pra fugir do trânsito. Você já criou carteirinha de estudante falsa pra pagar meia entrada. Você já colou ou cola em provas da escola. Você já usou identidade de outra pessoa. Você busca tirar vantagem do maior número de situações possíveis. Você já aproveitou da ingenuidade de alguém para obter algum benefício. Você chamou isso de "esperteza". Você ridiculariza quem é totalmente honesto. Você é funcionário público e não trabalha direito. Você já quis ou sonegou impostos. Você já fez "gato" de televisão, energia elétrica ou água. Você baixa filmes ou músicas com frequência na internet. Você achou dinheiro na rua e ficou com ele pra você. E depois disso tudo, você reclamou da política brasileira.
 
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